
Halloween: A prisão invisível
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15 de outubro de 2017 | Agência Up

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Em meio a tantos países e diversas culturas, o Brasil é um daqueles que não valoriza a sua própria. O nosso folclore é de uma riqueza enorme, mas ainda assim o Halloween tem mais força aqui, pois no dia 31 de outubro uma nação com personagens incríveis como o menino travesso Saci-Pererê de uma perna só e o destemido Curupira que defende nossas matas, se ajoelha perante bruxas, vampiros e monstros estrangeiros que nem sabemos a origem.
A influência é tão presente que tomou conta, por exemplo, dos filmes de terror. Tanto que na semana do Dia das Bruxas ocupa toda a grade televisiva. A caracterização das pessoas também foi afetada, pois em eventos ocorre a aculturação anglo-saxão. Um exemplo contrário à imposição de um feriado internacional em nossas cabeças, é um bem recente e tecnológico, sobre um jogo chamado Guerreiros Folclóricos, que está sendo desenvolvido por brasileiros. Os personagens do game são nossos guerreiros. O Boto, a Iara, a Mula-Sem-Cabeça. Sei que você deve estar se perguntando por que não conhece esse jogo. A resposta é simples: eles não conseguiram verba suficiente de parceiros para colocar em andamento o projeto.
Mas essa maneira de um grupo impor o que outros milhares irão ver, gostar e
pensar não é recente, pelo contrário, foi teorizado há anos por Walter Lippmann, jornalista norte-americano, que, resumidamente, nos igualou aos presos da “Caverna de Platão”, concebendo o termo especial “Espiral do Silêncio”. Mais tarde, Donald Shaw vai completar essa Teoria do Agendamento dizendo que “[...]. As pessoas têm tendência para incluir ou excluir dos seus próprios conhecimentos aquilo que o Mass Media (jornais, televisão e outros meio de comunicação) incluem ou excluem do seu próprio conteúdo. ” (SHAW, 1979). Ou seja, eles nos dizem o que pensar, como pensar e o que pensar sobre os fatos.
Nada nos proíbe de gostar do monstro Frank, do deus com seu martelo, das caveiras com rostos pintados, mas podemos também procurar outros meios que a Mass Media não nos indica a gostar. Exercer nossa liberdade de escolher nossa própria informação significa valorizar nossa cultura.
Bibliografia:
BRUM, Juliana. A Hipótese do Agenda Setting: Estudos e Perspectivas. 2003. Disponível em:
http://www.razonypalabra.org.mx/anteriores/n35/jbrum.html
Acesso em: 19 de outubro de 2017